sábado, 5 de maio de 2012

“O Fantástico Circo-Teatro de Um Homem Só”


            A atração da última sexta (04/05), no Teatro do Centro Municipal de Cultura Goiânia Ouro, dentro da programação da 12ª edição do Festival do Teatro Brasileiro - Cena Gaúcha, foi o espetáculo “O Fantástico Circo-Teatro de Um Homem Só”, da Cia. Rústica, de Porto Alegre, comandado pelo ator Heinz Limaverde, sob a direção de Patrícia Fagundes.
Enquanto o público adentrava ao Teatro e ocupava seus lugares, o ator já se encontrava no palco, concluindo seu processo de maquiagem, em um cenário concebido por Juliano Rossi, que mistura camarim de teatro e picadeiro de circo.
Apesar de apresentar-se só no palco, como destaca o título do espetáculo, Heinz é um artista completo, que canta, dança, declama e interpreta as mais diversas personagens.
Em uma narrativa autobiográfica, ele inicia o espetáculo enfatizando sua vontade de tornar-se ator, desde que era criança, quando tinha como principal espectadora, produtora e divulgadora sua avó. Traça, então, um perfil das Artes Cênicas no Brasil, abordando desde o circo sem lona, passando pelo Teatro de Revista, até chegar ao teatro profissional que encena Shakespeare.
Para ilustrar sua narrativa, o ator caracteriza-se com as mais diversas personagens, como a bailarina Tuma, o palhaço Dureza, He-Man e o leão dançarino de Pelotas. Há, também, a apresentação do mágico Xing-Ling, com sua caixa mágica que materializa pensamentos, e a velha vedete, que, após tomar um elixir da longa vida, remoça anos frente ao público, em uma interpretação impressionante.
Ao relembrar as sessões de cinema que frequentava, canta trechos de músicas imortalizadas em filmes como “Hair”, “Cantando na Chuva” e “O Mágico de Oz”. Todas as músicas do espetáculo são interpretadas pelo ator, tendo como acompanhamento uma caixa de som no centro do palco, que ele mesmo manipula.
A empatia e participação da plateia no espetáculo foram completas, principalmente nas cenas que exigiam uma interação direta. O ritmo do espetáculo, no entanto, mostrou-se um pouco irregular, ao apresentar quadros muito bons, seguidos de outros não tão divertidos, e que acabaram prejudicando um pouco a sua completa apreciação.
A cena da mulher barbada, por exemplo, é muito longa e poderia ser totalmente remodelada, ou mesmo suprimida, pois gerou uma quebra de ritmo no espetáculo, que acabou afetando, inclusive, o quadro seguinte, onde a personagem narra sua viagem de ônibus do Crato, rumo ao Sul do País, e só foi restabelecido completamente com a excelente apresentação do mal-humorado palhaço Azia.
No geral, a primorosa interpretação de Heinz Limaverde garante um bom espetáculo, apresentando um abrangente universo deste circo-teatro de um homem só.

Gilson P. Borges

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