Os alunos do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás
puderam acompanhar, na última quarta-feira (09/05), como parte da programação
da 12ª edição do Festival do Teatro Brasileiro - Cena Gaúcha, em sua vertente
de ação de formação de plateia, o espetáculo “Miséria, Servidor de Dois
Estancieiros”, da Cia. Oigalê, de Porto Alegre.
O espetáculo foi dirigido por Hamilton Leite e o elenco inclui Bruna Espinosa,
Diego Machado, Giancarlo Carlomagno, Karine Paz, Mariana Hörlle e Paulo Brasil.
Trata-se de uma adaptação da obra “Arlequim, Servidor de Dois Amos” ou
“Arlequim, Servidor de Dois Patrões”, do dramaturgo italiano Carlo Goldoni, a
qual tornou-se uma das principais representantes da Commedia dell’Arte, uma
forma de teatro popular improvisado, que, quase sempre, apresenta casais
apaixonados, os quais, por alguma razão, encontram alguma dificuldade para
consumar sua paixão, mas que, após muitas desavenças e quiproquós, conseguem,
finalmente, o desejado final feliz.
Na montagem da Cia. Oigalê, Arlequim é rebatizado como Miséria e os dois amos
(ou patrões) são substituídos por dois estancieiros gaúchos. Na verdade, toda a
trama é adaptada à realidade gaúcha, incluindo o seu vocabulário peculiar, sem
esquecer a adequação de algumas falas, também, para esta apresentação, à
geografia goiana.
A maquiagem não se distancia muito da caracterização do clown, mas o figurino
reproduz o traje popular gaúcho (bombacha - sem esquecer o facão, é claro -
para as personagens masculinas, e saia e blusa ou vestido coloridos, para as
femininas). Somente o figurino de Miséria é mais gasto e remendado com retalhos
coloridos, enfatizando sua condição de miserável. Tal condição, contudo, não
afeta a sua esperteza, que também foi muito utilizada e exaltada por Ariano
Suassuna, na caracterização de João Grilo, em “O Auto da Compadecida”,
personagem que aproxima-se bastante do Arlequim/Miséria.
A fim de ganhar alguns trocados a mais, Miséria decide trabalhar para dois
estancieiros ao mesmo tempo, mas suas trapalhadas criam diversas situações
cômicas, que se complicam mais e mais a cada nova ação, forçando-o a revelar a
verdade de cada uma delas, para que tudo se resolva, a fim de que todos os
casais possam desfrutar do matrimônio e viver, a partir de então, felizes para
sempre.
A modalidade de Teatro de Rua, escolhida pelo grupo para a apresentação do
espetáculo, adapta-se muito bem à trilha sonora composta por Mateus Mapa e
Simone Rasslan e executada e cantada ao vivo pelos atores. Os efeitos sonoros
também são constantemente utilizados para enfatizar o humor das cenas e até
para descrever a chegada de um trem.
O cenário compõe-se de caixotes de madeira e escadas, que são constantemente
reorganizados, adquirindo novas funções e servindo com praticidade aos mais
diversos propósitos.
Todos os atores estão muito bem e apresentam um trabalho harmonioso em cena,
conseguindo, por meio da interação com o público, o canto, a sonoplastia e a
interpretação, contar, de forma bastante eficiente, as venturas e desventuras
de Miséria e seus dois patrões.
Gilson P. Borges
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