domingo, 6 de maio de 2012

"Histórias da Carrocinha"


A Cia. gaúcha Caixa do Elefante levou ao público do Parque Flamboyant, na tarde de sábado (05/05), dentro da programação da 12ª edição do Festival do Teatro Brasileiro - Cena Gaúcha, o espetáculo “Histórias da Carrocinha”, dirigido por Mario de Ballentti.
São três as “histórias” mencionadas no título do espetáculo, todas elas costuradas pela simpática figura do apresentador-cachorro Abelardo (daí a substituição de “Carochinha” por “Carrocinha”, à qual o título faz alusão), que teima em perder e perseguir seu próprio rabo.
No primeiro episódio, intitulado “O Vendedor de Balões”, o Sr. Unhoso pretende furar, com suas unhas, todos os balões do referido vendedor. No segundo, “A Rua dos Fantasmas”, Maria tenta se livrar, com a ajuda de Joãozinho, dos fantasmas e do diabo que invadiram sua casa. No terceiro, “O Padeiro e o Diabo”, o padeiro Ronaldinho enfrenta um diabo de três rabos, que quer se apossar de todos os seus pães.
Todos os episódios são apresentados em uma empanada, a qual traz, na parte superior, uma estrutura que estampa o título do espetáculo e um galo, que canta ao início da encenação e também indica os pontos cardeais.
A perfeita manipulação dos bonecos, que fica a cargo dos atores-manipuladores Paulo Balardim e Mario de Ballentti, principalmente com o auxílio das técnicas de luva, vara e luva com vara, é o ponto forte do espetáculo. Todas as personagens deslizam pelo topo da empanada em completa sincronia e precisão.
A interação com a plateia é constante e as improvisações aproximam as histórias narradas da realidade goiana, mas os episódios são um pouco longos, quebrando, de certa forma, o ritmo da encenação. A inclusão de mais uma história, por exemplo, permitiria a redução da ação das outras três, dando mais dinamismo a todas elas.
A repetição da utilização da personagem do diabo, em “A Rua dos Fantasmas” e “O Padeiro e o Diabo”, que também aparece, de certa forma, em “O Vendedor de Balões”, já que o Sr. Unhoso, por sua aparência e ações, também pode ser interpretado como uma espécie de diabo, torna-se um pouco excessiva, bem como a utilização de um porrete para abatê-lo, prejudicando, de certa forma, o que era novidade na primeira história apresentada.
A linguagem empregada nas narrações, principalmente aquelas que envolvem situações de improvisação, causam certa dificuldade na identificação do público ao qual o espetáculo está sendo realmente dirigido. Por exemplo, a utilização do metateatro, bem como algumas referências à atualidade, não parecem ser de fácil assimilação pelo público infantil. A falta de acento na palavra “Histórias”, estampada no topo da empanada, também não é muito adequada ao público infantil (e nem ao público adulto).
Concluindo, com alguns ajustes de roteiro, “Histórias da Carrocinha”, que já é um bom espetáculo e conta com ótima manipulação e interpretação, pode se tornar um excelente espetáculo.

Gilson P. Borges

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