Para encerrar a
programação da 12ª edição do Festival do Teatro Brasileiro - Cena Gaúcha, foi
encenada, no Teatro do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de
Goiás, no último sábado (12/05), a peça “DentroFora”, da Cia. In.Co.Mo.De.Te,
de Porto Alegre.
Com texto de Paul
Auster e direção de Carlos Ramiro Fensterseifer, a atriz Liane Venturella e o
ator Nelson Diniz apresentaram ao público um belo exemplo do Teatro do
Absurdo, termo criado por Martin Esslin, para descrever trabalhos de
dramaturgos como Alfred Jarry, Samuel Beckett, Jean Genet e Eugène Ionesco,
dentre outros, que, normalmente, apresentam pessoas presas a situações sem
solução ou sentido.
O cenário (Élcio
Rossini) é muito simples, mas, ao mesmo tempo, produz um efeito extremamente interessante.
Inclui apenas duas caixas com três lados opacos e um transparente, separadas
por um vão escuro, dentro das quais encontram-se um homem e uma mulher, que
trajam figurino e maquiagem (Rodrigo Nahas) em preto e branco, como se
pertencessem a um tempo já passado.
Apesar de
separados pelo vão, o homem e a mulher dialogam sobre assuntos aparentemente
triviais, como o significante e o significado da palavra “Azul”, com tons de
voz abafados pelas caixas fechadas, mas perfeitamente audíveis.
A iluminação
limita-se ao interior das caixas (com exceção de uma única projeção em azul
sobre a plateia, quando a palavra “azul” é abordada), variando de tons frios
a tons mais quentes (principalmente quando as personagens manifestam
lembranças) e voltando, novamente, aos tons frios, enquanto a trilha sonora
acompanha e cria clima para a execução das cenas.
O que estariam
fazendo estas pessoas dentro destas caixas? As próprias personagens se
questionam sobre isto, mas não chegam a conclusão alguma. A mulher até
arrisca-se a sair da caixa, mas logo muda de ideia e volta para o seu
interior.
Todo o conjunto
resultou em uma visualidade plástica muito interessante, juntamente com a
excelente interpretação dos atores, e mesmo aqueles que disseram não ter
apreciado muito a encenação desta vertente teatral, após o espetáculo,
emitiam opiniões e impressões: seriam eles manequins presos em uma vitrine,
ou mesmo em caixões? Este é o encanto do Teatro do Absurdo. Não há verdades
absolutas e cada um pode interpretá-lo à sua maneira.
Gilson P. Borges
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domingo, 13 de maio de 2012
“DentroFora”
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