A população das cidades de Goiânia, Goiás, Anápolis e Hidrolândia teve o prazer de desfrutar da programação da 12ª edição do Festival do Teatro Brasileiro - Cena Gaúcha, cujos espetáculos estenderam-se de 03/05 a 13/05/2012.
O projeto foi criado em 1999 e já deu enfoque à cena baiana,
pernambucana, cearense e mineira.
Com patrocínio da Petrobras e Caixa Econômica Federal, copatrocínio dos
Correios, incentivo do Ministério da Cultura, por meio da Lei de Incentivo à
Cultura, apoio institucional do Instituto Federal de Educação, Ciência e
Tecnologia de Goiás e realização da Alecrim Produções Artísticas, a etapa
goiana do Festival recebeu espetáculos que, por meio de variadas linguagens,
conseguiram proporcionar um panorama do Teatro produzido atualmente no Rio
Grande do Sul.
Ao todo foram 11 espetáculos teatrais e 3 musicais, selecionados de um
total de 109 inscritos, com curadoria de Sergio Maggio e Guilherme Filho, que
foram assistidos por mais de 10.000 espectadores.
Com o objetivo de fortalecer o intercâmbio entre grupos teatrais gaúchos
e goianos, foram oferecidas as oficinas “Viewpoints e Intervenções
Arquitetônicas”, com Daniel Colin, que abordou a utilização de movimentos e
gestos, em espaços pré-determinados; “Desvios em Espaço Urbano”, com Patrícia
Fagundes, que objetivou trabalhar a intervenção cênica no espaço urbano;
“Vivência no Teatro de Sombras”, com Alexandre Fávero, que teve como foco a
investigação da linguagem do Teatro de Sombras; e “Verticalidade Cênica”, com o
Grupo Falos & Stercus, que dedicou-se à transformação de técnicas
radicais de rapel em material de expressão cênica.
Os temas abordados nas oficinas foram sugeridos à produção do Festival
pela própria classe teatral goiana e cada uma delas resultou em uma
apresentação. A oficina “Verticalidade Cênica”, por exemplo, foi concluída com
a performance “Anjos da Paz Caminham Sobre as Paredes do Estádio Serra
Dourada”, antes da final do campeonato goiano, destacando não somente a técnica
do rapel cênico, mas, também, apoiando a campanha pela paz nos estádios.
As apresentações musicais ocorreram no Parque Flamboyant e reuniram as
bandas gaúchas Defalla, misturando estilos como o rock psicodélico, hard, funk
e rap, por meio do vocalista Edu K, do guitarrista Castor Daudt, do baixista
Flávio Santos e da baterista Biba Meira, e do Renato Borghetti Quarteto (Renato
Borghetti - acordeom, Daniel Sá - violão, Pedrinho Figueiredo - flauta e sax e
Vitor Peixoto - teclados), mesclando ritmos gaúchos ao jazz, além do goiano Tom
Chris, que cantou músicas de compositores goianos e hits consagrados da MPB,
acompanhado por Luiz Chaffin (violão e guitarra), Marcelo Maia (baixo),
Guilherme Santana (bateria) e Willian Cândido (teclado).
A ação de formação de plateia foi estendida a 2.400 estudantes da rede
pública municipal e estadual, sendo que, em um primeiro instante,
arte-educadores visitaram as escolas, explicaram os objetivos do projeto e
colheram, em um segundo momento, após a apresentação dos espetáculos, as
impressões dos alunos, por meio das mais variadas formas de expressão.
A abertura do Festival ficou a cargo da atriz Genifer Gerhardt, que, com
o espetáculo “Mundo Miúdo”, apresentou o gênero conhecido como Teatro
Lambe-lambe, com personagens minúsculas, manipuladas dentro de uma caixa,
durante cerca de 2 minutos, para um único expectador. Genifer também apresentou
“Gringa Errante”, uma combinação entre a linguagem do clown, Teatro de Rua e
Teatro de Animação. Este espetáculo foi acompanhado por cerca de 600 crianças,
na cidade de Hidrolândia, e, para a apresentação ocorrida no Parque Flamboyant,
Genifer partilhou com a equipe de produção do Festival este belo e edificante
relato: “em meio às crianças e jovens que vieram no final a me abraçar e tirar
fotos, uma senhora me parou. Aguardou longo tempo até que lhe desse atenção,
após a fila de pequenos. Então, mirando o fundo dos meus olhos e ainda com
lágrimas, falou-me lentamente: "estou com meu filho há vários dias na UTI,
há vários dias eu não conseguia sorrir." Veio agradecer-me pelos sorrisos
que finalmente conseguiu dar. Abraçou-me profundamente. Depois seguiu”.
Ainda no primeiro dia do Festival, a Cia. Babel de Teatro apresentou o
musical “Cabarecht”, no qual uma pianista, cantora e atriz (Cida Moreira),
dirige o cabaret e seus atores/cantores (Sandra Dani, Antônio Carlos Brunet e
Roberto Camargo), interpretando músicas de autoria do dramaturgo Bertolt Brecht
e do compositor Kurt Weill.
Em “O Fantástico Circo-Teatro de Um Homem Só”, da Cia. Rústica, Heinz
Limaverde apresentou uma narrativa autobiográfica, enfatizando sua vontade de
tornar-se ator, por meio do canto, dança, declamação e interpretação das mais
diversas personagens.
A Cia. Caixa do Elefante trouxe dois espetáculos: “Histórias da
Carrocinha”, Teatro de Bonecos apresentado pelos atores-manipuladores Paulo Balardim
e Mario de Ballentti; e “A Tecelã”, que une técnicas de manipulação de bonecos
e ilusionismo.
Em “Borboletas de Sol de Asas Magoadas”, a atriz Evelyn Ligocki abordou
o mundo dos travestis e, em “Cinta Liga/Desliga”, Aline Tanaã Tavares, Grasiela
Muller e Odelta Simonetti investiram na linguagem do clown, para expressar
facetas do mundo feminino.
A Cia. Oigalê (Bruna Espinosa, Diego Machado, Giancarlo Carlomagno,
Karine Paz, Mariana Hörlle e Paulo Brasil) investiu na linguagem do Teatro de
Rua, para narrar as aventuras de Miséria, em “Miséria, Servidor de Dois
Estancieiros”, enquanto Alexandre Fávero e Roger Lisboa, da Cia. Teatro Lumbra
de Animação, escolheram o Teatro de Sombras, para narrar as peripécias do
Saci-Pererê, em “Sacy Pererê, A Lenda da Meia-Noite”.
O encerramento do festival ficou a cargo da peça “DentroFora”, da Cia.
In.Co.Mo.De.Te, com Liane Venturella e Nelson Diniz dando vida a uma narrativa
do Teatro do Absurdo.
A grande gama de linguagens apresentadas conseguiu agradar aos mais
variados tipos de espectadores, principalmente por comporem espetáculos de
grande qualidade, oferecidos gratuitamente ou a preços populares, promovendo a
formação de plateia, a democratização do acesso à Cultura, o intercâmbio entre
grupos teatrais e a apreciação de espetáculos, que, dificilmente, chegariam ao
público goiano, se não fosse por meio do Festival do Teatro Brasileiro,
organizado e produzido pelo competente e incansável Sérgio Bacelar, cujos
esforços, juntamente com os da também competente equipe por ele selecionada,
proporcionaram ao Festival chegar a esta 12ª edição.
Trata-se de um excelente exemplo a ser seguido pela nova diretoria da
Federação de Teatro de Goiás (Feteg), bem como por toda a classe teatral
goiana, no sentido de fortalecer parcerias e ações (inclusive para a realização
de uma Cena Goiana, junto ao Festival do Teatro Brasileiro), bem como
incentivar e divulgar a produção teatral goiana a todo o Estado de Goiás.
Gilson P. Borges
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